Cadê você moça?
As aparências me confundiram.
Me enganaram a tal ponto
Que eu não sabia se você era o que mostrava ser
Ou se era um conjunto de indefinições.
Mergulhei em mim
Carregando expectativas de te encontrar em criança.
De encontrar aquela moça que se mostrava em alegria,
A moça nostálgica que se entregava em satisfação,
A moça gentil que se apresentava em delicadeza
A moça sonhadora que tinha em si expandir o mundo.
Mergulhei em mim e me afoguei.
Afoguei-me nos sonhos que juntos sonhávamos,
Afoguei-me nos planos que juntos traçávamos,
Afoguei-me na ilusão de voltar a ser o que éramos antes.
Afguei-me!
Somos todos suscetíveis à mudança.
Mas busquei manter em mim, os sonhos,
Busquei manter em mim, as recordações,
Busquei manter em mim, o “eu criança”.
Busquei manter em mim o amor que por te sentia.
O destino foi cruel,
Nos afastou.
Apontou-me norte e você ao sul.
Ele nos marcou com o beijo da distância.
O tempo passou.
A vida se incumbiu de nos amadurecer.
O que pensávamos enquanto criança se desfez.
Tornou-se Lembrança do que um dia foi um passado ilustre.
Hoje, frustrados e apressados, nos ignoramos.
Nos tratamos com o pior dos sentimentos, o desprezo.
O amigo amado, ha tempos sonhado,
Hoje é desprezado com raiva tratado.
A mão enrugada de pele surrada
Apóiam um ser cansado de viver.
Te amei como quem ama a própria vida.
Te esperei como quem espera a morte depois do fracasso.
Sonhei como sonhava enquanto criança.
Sai por instantes do meu presente,
Viajei ao passado onde te encontraria em perfeição.
Onde a nossa amizade era importante não só para mim.
Chorei ao saber que o tempo te maltratou,
Que a tornou amarga e fez seu coração em pedra.
Cadê a moça amiga que tanto me encantava?
Cadê a moça amiga que ria dos meus problemas e lamentações?
Cadê a moça que me encarava em olhos fixos
E me dizia em desaforos que eu era importante?
Cadê você moça?
Cadê você?