Ficção
Não me permito dirigir palavra ardente,
Tampouco deflagrarei esse amor latente;
Já não sinto essa maldade agora presente,
E o louco medo absurdo e tão patente.
Por que choro, quando me sinto assaz contente?
Mas a cura dessa dúvida em mim candente;
Faz-me novo, dia após dia mais valente,
Se te inoculo do veneno da serpente.
Minha deusa, como prevejo em ti ausente,
O calor que a face resulta de repente,
Triste mistério, lava de vulcão fervente;
Como ousas ser a dona de tal vertente?
Se sou fraco, não me culpes por ser solvente,
Só te amei por intrepidez e dor demente.