Raízes Perdidas
Saudades do ranger
Dos carros de bois ao amanhecer,
Das andorinhas em revoadas,
Do véu da noite, das madrugadas,
Infância inocente, com jeito comovente.
A luz da razão era a imaginação;
Quando a luz surgia no manto da mata deixava o clarão,
Poetas enamorados cantavam chorosos cheios de paixão;
Ao raiar do dia a vaca mugia e o galo cantava,
Despertando a alma com doce perfume a extasiar,
Não havia alarde nem mesmo no retumbar de uma tempestade
Lá no infinito gaivotas voando em seu gorjear,
Os peixes nadavam livres nas correntes,
Reproduziam-se sem que poluíssem as suas nascentes,
As matas copadas lá a passarada cantava contente,
O solo era farto, frutos excelentes com seus nutrientes.
Hoje tudo mudou e só a lembrança ficou;
Findou o silêncio do espaço entre o firmamento,
Rastros destrutivos do progresso em tudo ficou;
Poluição sonora fazendo apagar das mentes as nossas histórias,
O tempo vai passando e memórias do ontem em nada somaram.
Na busca por ganância o homem vai à ânsia,
Destrói o seu recanto, a grana é seu encanto;
Esquece de seu berço calmo dos belos instantes.
Alguns conservam a alma e semeando a calma,
Saboreando a arte retratam em si sua palma em raras ressalvas.
Goretti Albuquerque