Ai quem me dera ser criança!

Os sonhos que sonhei

Não são reais

E nem poderiam ser.

O sonho é uma terrível alucinação,

É a mais pura tortura,

É a mais doce angustia,

É a mais silenciosa dor,

É a mais respeitada solidão.

Solidão,

Que me aperta o peito,

Que me agonia a cabeça,

Que me faz romper com os bons sentimentos

E me induz a pensar em isolamento.

Que me faz chorar,

Mesmo na plenitude de meu saber.

Nada mais é como antes.

Os sonhos, antes sonhados em criança,

Foram substituídos por metas e objetivos.

Isso me limita.

Me conduz a um único ponto, um lugar ermo.

Me conduz a um espelho

E então vejo.

Vejo que sou, não muito mais, que um reflexo,

Que sou igual a todos os outros reflexos.

Percebo que sou uma marionete,

Controlado por cordas,

Cordas velhas e podres também,

Logo essas cordas vão arrebentar-se

E quando isso acontecer

Um imenso precipício

Estará lá,

A minha espera

E então mergulharei

Em todos os sonhos frustrados que tive.

Em todos Sonhos não realizados,

Não mensurados.

E tão rápido quanto foi a minha vida,

Me afogarei.

E com a mesma rapidez,

Esses sonhos me conduzirão ao fundo do precipício da frustração.

De mãos dadas nos afogaremos,

Nos abraçaremos,

Dançaremos uma música tocada em tristeza

E enfim

Repousaremos,

Eu e os meus sonhos.

“Ahh, sonho que me diferenciava!”

Sou, hoje, igual a todos.

Ai quem me dera sonhar!

Ai quem me dera ter esperança!

Ai quem me dera ser criança!

Dsoli

Dsoli
Enviado por Dsoli em 08/04/2010
Código do texto: T2184529
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