OU SERÃO APENAS MEUS MEDOS?

À vida vou perguntando

Porque estarei sempre rimando

Fale eu do luar ou da luz do dia

Ou do tempo que passou

Da tristeza ou da alegria

Ou lhe pergunte quem sou

Diz rima, diz-me agora

Que o teu silêncio é crueldade

Não me deixes mais à nora

Que já morro de saudade.

Era eu tão pequena

Com o tempo me fui fazendo

Tão leve como uma pena

Como arvore fui crescendo.

Formosura de donzela

Ou misteriosa estrela?!

Me deixei voando

Alegremente

Como a luz do sol nascente

Vindo lembranças gotejando.

Sentada no portal da entrada

Ali não fazia calor nem frio

Tudo tinha e o tudo era nada,

Sonhava, imaginosa ouvindo murmurar o rio.

Era meu mundo meu silêncio mudo

Nada me faltava ou faltava-me tudo!?

Ali, na soleira, a criança e a melancolia

A que ainda me acompanha e já em mim batia!

Pela manha nas silvas orvalhadas

Colhia uma ou outra amora

A fome e a vida enganadas

Logo ía à brincadeira sem demora.

Como tudo desbotou!?

A esperança a alegria...

Meu rosto pálido ficou

Mas a imagem guardo saudosamente,

Da criança que queria

Ser poeta simplesmente.

Assim, simples de linguagem,

A mesma que traz de raiz

Cada verso é uma aragem

Que assim a faz feliz.

O céu hoje razou os telhados

Banhou-se até no rio

Acinzentou meus cuidados

Olho as sombras dos arvoredos

Tudo me parece frio.

Ou serão apenas meus medos?!

natalia nuno