Devaneios de saudade
Pranto no silêncio escuro do meu quarto
Flores abertas na cegueira dos meus olhos
E o despertar de mágoas infinitas e dolorosas
Depositadas no coração
Imponderável luz que com chuva acende
E na multidão de todas as palavras, tu ausente
Vôo aos céus para perto de ti estar
Suplico à Lua para te encontrar
Um afago em tua alma depositar
Para que comigo passes a voar
Num encontro só possível no espaço que nos tem
Olhos não se curvam na mansão vazia
Na certeza inconstante
O relógio é vazio como as horas vazias
Sem resistir, sem jardim armado
Sem o azul que me tem
Pequenas casas cinza a murmurar inconstâncias.
Eu sou um pedaço do que não fui
E metade da lua, água, luz, doçura, palidez e morte
Meu corpo se curva como a dor do arco
Que empunha a flecha e mata!
Sou como uma deusa dormente
Que acorda todos os dias com o eco deste mundo vil
Mergulho no meu silêncio buscando teus sons
É derradeira minha queda
Minha janela está vazia, só em ti deposito minhas vontades
Quero um bálsamo a dizimar a minha dor
As feridas não adormecem
Desesperadas nesta lentidão da minha memória
Desfaço-me em mais de mil estrelas
Cicatrizes indeléveis de um sem fim de amarguras
Que me colocam a pedir tua voz a me encantar
Que tenhas brandura como luas que se abrem na madrugada
Toda sombra traz na fonte um mar
Decapitado pelas areias que encerram
E beijadas pela luz que envolve
Que sejas fonte que sacia
Inebriando meu ser da mais bela euforia
Perdurando como outrora em meu peito
Traduzindo em luz do céu que nos encobre a cada troca
Verte de meu íntimo o mais profundo desejo de te respirar
Sentir na pele o calor que de ti emana
E quebrar meu semblante dolorido
Eis as ervas do dia, olhando páginas, imaginando alusões.
Nada que há de me dar tamanha alegria, quanto ao lograr um beijo teu...