Pai...

Pai...

Tanto tempo se passou...

E os segundos estão aqui....estagnados no meu peito

Desde o seu ultimo suspiro.

A dor, o vazio, a sensação de falta de chão

O corte dilacerante e frio

Ainda fazem sangrar meu coração.

Pai...

Estou à deriva....

Ainda te busco (meu porto seguro)...

Na noite clara....

No dia escuro....

Você ainda é meu norte,

Meu número de sorte

As respostas que busco... que procuro....

Pai...

Lembro de você na mesa de jantar...

Lembro do seu riso...

Lembro seu olhar...

Lembro suas histórias...

O seu tom de voz ao falar...

Ah!!! Pai....

Os almoços de domingo perderam o sabor...

O seu lugar na mesa... vazio...

Dão-me o gosto de comida insonsa...

De feijão frio...

De garfo sem dentes...

De faca sem fio...

Ah!!! Pai....

Quantas vezes eu quando entro em casa

Te busco no sofá da sala....

Te procuro na cadeira na varanda....

Te vejo à cata de acerolas... ainda que a aceroleira esteja sem frutos...

Ah!!! Pai... você não imagina

O quanto meu peito em luto

Reclama pela presença de tua visão...

Pai...

A vida tem me ensinado tanto....

E de forma tão diferente

Da forma que você fazia...

Você não podia ter partido

Não podia...

Não sem antes ter ensinado a ela

Como me ensinar sobre ela...

Não podia...

Ah Pai...

Meus filhos ficaram órfãos....

E eu não sei como ser pai pra eles...

Só conheci dois pais....

Você, e o que você me ensinou a amar e respeitar....

Tenho pedido tanto pra ELE...

Que arranque essa dor de meu peito

Que me ensine uma forma... um jeito..

De não te buscar mais....

OU então de te encontrar...

Ou então de te reencontrar...

Ah ! Pai...

Essa maçã... inteira....

Entalada em minha garganta....

As vezes não me deixa engolir...

Me impede de sorrir...

Me obriga a chorar...

Choro de dor.... de saudade....

De saudade....

De saudade..

Ah! Pai...

De saudade...

De saudade..

De saudade...

Te busco em tantas pessoas....

Nenhuma delas se parece com você...

Nenhuma delas pensa como você...

Nenhuma delas fala como você...

Nenhuma delas me olha como você...

Pai... o que faço com esse vazio?

Esse oco no meu peito...

O que faço com meus ossos

Eles tremem com esse frio....

Com essa falta que você me faz....

As vezes acho que eu nunca serei capaz...

Nunca...

Pai...

Você vai estar me esperando... não vai?

Tenho medo de não te encontrar...

Marluci Brasil
Enviado por Marluci Brasil em 12/08/2006
Código do texto: T214603