AFLORAR

AFLORAR

Joyce Sameitat

Todos meus sentimentos afloram;

Na fininha garoa que por ora cai...

Minhas mãos de leve se arvoram;

A pegá-la, mas pelos dedos se esvai...

Apenas molha, mas não faz barulho;

Parece uma cortina meio brilhante...

Gostaria de ouvir seu suave marulho;

Que sei deve ser um bocado cantante...

Eu os enxergo na transparência do ar;

Hoje como bênçãos que a tudo limpa...

Me faz sentir muita saudade do mar;

Que os olhos da mente vêm e ilumina...

Procuro enxergar dos meus sentimentos;

Qual deles neste momento... Predomina...

Mas estão todos misturados com o vento;

Formando com a chuva uma tênue cortina...

Estou meio aérea e um tanto pensativa;

Como que se fosse do corpo esquecer...

Enquanto a tudo sinto a razão não atina;

O que deveria no presente instante viver...

Desta água fininha eu pego e salpico;

Os olhos que a esmo olham e passeiam...

Com um ar vago e meio que perdido;

Tentam não ver o que agora os rodeiam...

Estão por demais desfocados e pensativos.

Adentrando meu coração tão desacelerado...

Acho que até estão neste instante cativos;

Dos amores que nortearam o meu passado...

Sinto uma paz que advém destas lembranças;

Mas tento esticá-las até o instante que vivo...

Sei que terei de me valer de muita temperança;

Para trazer a tona meu amor tão escondido...

Quero viver no agora;

O que já se esmaeceu...

Fui muito feliz outrora;

Este tempo não é meu...

Vou jogá-lo na aurora;

Dando-lhe apenas adeus...

A alma abre suas comportas;

E choram os olhos meus...

São Paulo, 28 de Fevereiro de 2010

Joyce Sameitat
Enviado por Joyce Sameitat em 13/03/2010
Código do texto: T2135944