CORPO FRANZINO,CARA MIÚDA

Nas noites de insónia vou lembrando

Chamo ao pensamento emoções com ternura

Em turbilhões ao meu peito se estreitando

Não me sinto só enquanto a noite dura.

Hora tardia, noite deserta

Só a minha alma desperta.

Nesta bendita solidão

Procuro refúgio, encontro a recordação

Hoje tem o olhar mais brilhante

Voltou a usar folhos e laços

Ficou feliz por um instante

Esqueceu a Vida feita em pedaços.

Corpo franzino, cara miúda

Pés descalços, mal sabia a idade?!

Mas era forte, não queria ajuda

Mais perdida que achada,

A lembro com saudade.

A levo no coração guardada.

Sem histórias para adormecer

Apenas o Sol com o propósito de a aquecer

Julgava-se a dona do Mundo!

Corria as ruas com o arco p'la mão

Cabelos ao vento dum negro profundo

Do futuro? Sem inquietação.

Mas hoje o seu olhar perdeu a idade

Soltaram-se as asas está querendo voar

É criança novinha, velha na saudade

Querendo razões para acreditar.

É essa a grande vontade

Dizer não ao desencanto, sonhar

Não será tarde? Na verdade...

É bom viver e recordar.

natalia nuno