A MORTE DO POETA

Adormecido entre flores incolores

Sentindo os sabores e os dissabores

Radicado nos odores de tais dores

Ex-amores, tantos suores e louvores.

O céu rasga torto o corpo morto

Expõe a ferida aberta irrequieta

O sangue sem lucro em invólucro

Se encerra calmamente e latejante.

Caminha terna à morada eterna

Silente em abstrato pé ante pé

E vozes bentas e outras agourentas

À julgar o ato injusto do augusto.

No recinto agora tão frio e vazio

Deste homem jaz vadio e arredio

Sofre agora o escárnio do seu brio

Desdenhado no seu atavio e desvario.

A saudade terrena retórica serena,

A alma lateja no obscuro sem futuro

Enfim, será julgado pelo seu legado

Lá Deus dá o sinal para seu juízo final.

Marcos Antony
Enviado por Marcos Antony em 01/03/2010
Reeditado em 22/03/2010
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