Saudade
Não me fale de saudade
nem de sonhos esquecidos
nem do sim e nem do não.
Só fale de primavera,
de flores, frutos, pondera:
só me fale da paixão
Não duvide do que invento,
eu moro no esquecimento,
por sofrer virei canção.
Acredite no que digo,
seja o amante, seja o amigo,
seja o tempo, a dimensão.
Não me afogue na lembrança,
não me envolva na aliança
que o teu corpo desenhou.
Olha- me só nesse instante
aperte o meu corpo amante:
É de mim o que sobrou.
Não duvide do que eu amo,
eu odeio, adoro e chamo
numa guerra comovida.
Qualquer vento, qualquer flor
frágil passo de um amor
que de amar perdeu a vida.
Marilia Abduani