ELEGIA
ELEGIA
O abraço que não te dei
Dói o corpo abandonado,
Perdido, profundamente só.
É calor aprisionado.
Olho o teu retrato.
Talvez... talvez...
Sinto falta de ti
Terrivelmente só.
Partiste tão serenamente
Sem me avisar da dor imensa.
Tu que tiveste o cuidado
De proteger tua semente.
Guarda agora com esmero
O chão que te protege
No infinito mundo diferente
No triste monte do outeiro.
Leva consigo a força candente
Que tanto afago me deu,
E o olhar renitente
Daquele beijo que escondeu
A palavra que não disse
Ainda grita no meu peito
Foge a ânsia de cada verso
Num descompasso imperfeito.
O agasalho que me deste
A noite escondeu
A janela que fechaste,
O vento e a chuva aqueceu.
Sopro que esconde a vida,
Que lugar esconde a minha?
No abraço que não dei,
Ou no beijo d’alma minha?
Sinto falta infinitamente
De ti, meu pai
Infinitamente.
Infinitamente.
Mas tu foste o canto
Da aurora brisa rutilante
Da minha vida ofuscante
O brilho, o acalanto.
Doce chama inocente
Ó quão profundo sono
Que levaste o meu Velho
E me deixaste tão ausente!
Essa força estranha
Que me faz chorar
Lembra a mão cálida
No meu corpo a confortar
Sinto falta de ti
Infinitamente, infinitamente.
Leanddro Dumont
28/04/2007