Saudade

O gado muge ao fartar-se da verdejante esteira, um murmúrio do rio não sei se alegre ou de pranto;

enquanto a criação de penas se empoleira

declina o sol,trazendo a noite negro manto...

A lua vem com seus raios cor de prata;

o mormaço suaviza o vai e vem dos ventos;

às vezes ouve-se o pio da coruja pela mata

e a multidão de insetos barulhentos...

Assim sou eu a meditar a vida inteira:

não sei se rio ou choro,só sei que dói tanto

a saudade de quem vi pela única vez e derradeira;

e ficou-me n' alma sua figura de puro encanto...

Assim é que o presente no passado se une,ata;

vão-se pra longe,pra perto vêm os pensamentos...

O mormaço da paixão desde longínqua data

suavizar não pode o vai e vem dos ventos...

A natureza toda,para que eu não me sinta a sós,

amenizando a dor que meu coração invade,

fazer-me companhia vem ecoando uma única voz

do meu lamento,que é a palavra saudade...

Coelho Zacarias
Enviado por Coelho Zacarias em 21/02/2010
Reeditado em 14/03/2010
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