Saudade
O gado muge ao fartar-se da verdejante esteira, um murmúrio do rio não sei se alegre ou de pranto;
enquanto a criação de penas se empoleira
declina o sol,trazendo a noite negro manto...
A lua vem com seus raios cor de prata;
o mormaço suaviza o vai e vem dos ventos;
às vezes ouve-se o pio da coruja pela mata
e a multidão de insetos barulhentos...
Assim sou eu a meditar a vida inteira:
não sei se rio ou choro,só sei que dói tanto
a saudade de quem vi pela única vez e derradeira;
e ficou-me n' alma sua figura de puro encanto...
Assim é que o presente no passado se une,ata;
vão-se pra longe,pra perto vêm os pensamentos...
O mormaço da paixão desde longínqua data
suavizar não pode o vai e vem dos ventos...
A natureza toda,para que eu não me sinta a sós,
amenizando a dor que meu coração invade,
fazer-me companhia vem ecoando uma única voz
do meu lamento,que é a palavra saudade...