POEMA: VISÃO ONÍRICA

Autor: Vicente Reinaldo

VOANDO LETARGICAMENTE

NO ESPAÇO DA SONOLÊNCIA

SENTI MEU INCONSCIENTE

TRANSPOR MINHA CONSCIÊNCIA

E EM MEIO ESSE PESADELO

MEU ESPÍRITO TEVE O ZELO

DE OUVIR PALAVRAS AMENAS

DE ALGUÉM QUE ESTÁ ALÉM-TÚMULO

NA ASCENDÊNCIA DO ACÚMULO

DAS SUAS AÇÕES TERRENAS.

NO MUNDO DO PERISPÍRITO

NO TRIBUNAL DOS ARCANJOS

FIZ PASSAR-ME POR ESPÍRITO

MISTUREI-ME COM OS ANJOS

LÁ ENCONTREI MINHA AMADA

QUE ESTAVA DESENCARNADA

“DESD’UNS SEIS ANOS ATRÁS”

CHOREI NA PRESENÇA DELA

LOUCO PRA MORAR COM ELA

NA CORTE DOS IMORTAIS.

NO AUGE DO DEVANEIO

IMERSO NA LETARGIA

COM ELA FIZ UM PASSEIO

NA FLORESTA DA UTOPIA

FELIZES TROCAMOS ÓSCULOS

ENTRE AS NUANÇAS DE FLÓSCULOS

DOS CAMPOS ALIENÍGENAS

VISTOS, TALVEZ, POR AVÍCULAS

QUE SUGAVAM AS GOTÍCULAS

DAS SANTAS LÁGRIMAS NUBÍGENAS.

EU PERGUNTEI SE ELA AINDA

SONHAVA EM MORARMOS JUNTOS

ELA SORRIDENTE E LINDA

DISSE: EU MORO ENTRE OS DEFUNTOS

ALMA NÃO COME E NEM DORME

MAS POR FAVOR, SE CONFORME

QUE DEUS COM LÁBIOS RISONHOS

DIRÁ SE TEREMOS SORTE

QUE A VIDA É O SONHO DA MORTE

E A MORTE UM SONO SEM SONHOS.

FORAM SE OFUSCANDO OS BRILHOS

ELA APERTOU MINHA MÃO

DISSE: QUANDO AOS NOSSOS FILHOS

DÊ-LHES BOA EDUCAÇÃO

ENSINE-LHES, POR BONDADE

A PRÁTICA DA CARIDADE

PORQUE NO SANTO JUÍZO

ESSE PEQUENO ATRIBUTO

CONSTITUI SALVO-CONDUTO

PARA ENTRAR NO PARAÍSO.

DEPOIS, EM LEVITAÇÃO

ELA DE MIM SE AFASTOU

EU LHE ACENEI COM A MÃO

E ELA TAMBÉM ME ACENOU

MAS NOS RITMOS DOS ACENOS

PARA OS TORMENTOS TERRENOS

SENTI MEU CORPO VOLTANDO,

O SONHO CHEGARA AO FIM,

MAS QUANDO VOLTEI A MIM

ESTAVA SENTADO E CHORANDO. - FIM

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