SABORES DA INFÂNCIA
SABORES DA INFÂNCIA
Não dá para esquecer
Estão sempre na lembrança
Os aromas sabores e perfumes
Sorvidos na minha infância
As flores da laranjeira
Prenunciava fertilidade
O perfume das rosas
Seus espinhos e variedades
As laranjas maduras
Com o doce sabor de infância
Alimentando os passarinhos
E há nós também crianças
As noites enluaradas
Exibindo sua beleza
As flores desabrochando
Colorindo a natureza
O cheiro da terra molhada
Ao cair da primeira chuva
Inconfundível...
No pó da estrada
Flanela nova
Também cheirava
Meu singelo agasalho
Quando o inverno chegava
Sinto cheiro de reboco
Quando meus primos
E eu jogava cambui
Na sala de minha tia
Usando como alvo
Uma caixinha vazia
Meus primos e eu correndo
No entorno da palha de feijão
No momento ao ser queimado
Em noites de escuridão
Sua branca fumaça em riste
Subindo para o céu
Formado densa nuvem
Sem rumo desfazendo ao leu
Quando o fogo ia baixando
Mais palha era jogado
um clarão ia abafando
Logo outro era formado.
A gente corria e brincava
Tossindo com a fumaça
Escondia depois voltava
Tudo com muita graça
Hoje é só recordação
Tudo isso é passado
Não tem palha de feijão
Nem terreiros rebocados
Só há uma enorme saudade
Deste recente passado
Enfrentando nova realidade
Com um saudosismo sem medidas
Na alma de um pobre coitado
Carregando estas lembranças
E um coração safenado.