SABORES DA INFÂNCIA

SABORES DA INFÂNCIA

Não dá para esquecer

Estão sempre na lembrança

Os aromas sabores e perfumes

Sorvidos na minha infância

As flores da laranjeira

Prenunciava fertilidade

O perfume das rosas

Seus espinhos e variedades

As laranjas maduras

Com o doce sabor de infância

Alimentando os passarinhos

E há nós também crianças

As noites enluaradas

Exibindo sua beleza

As flores desabrochando

Colorindo a natureza

O cheiro da terra molhada

Ao cair da primeira chuva

Inconfundível...

No pó da estrada

Flanela nova

Também cheirava

Meu singelo agasalho

Quando o inverno chegava

Sinto cheiro de reboco

Quando meus primos

E eu jogava cambui

Na sala de minha tia

Usando como alvo

Uma caixinha vazia

Meus primos e eu correndo

No entorno da palha de feijão

No momento ao ser queimado

Em noites de escuridão

Sua branca fumaça em riste

Subindo para o céu

Formado densa nuvem

Sem rumo desfazendo ao leu

Quando o fogo ia baixando

Mais palha era jogado

um clarão ia abafando

Logo outro era formado.

A gente corria e brincava

Tossindo com a fumaça

Escondia depois voltava

Tudo com muita graça

Hoje é só recordação

Tudo isso é passado

Não tem palha de feijão

Nem terreiros rebocados

Só há uma enorme saudade

Deste recente passado

Enfrentando nova realidade

Com um saudosismo sem medidas

Na alma de um pobre coitado

Carregando estas lembranças

E um coração safenado.

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 05/02/2010
Código do texto: T2071098
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