* SUA FALTA *
Que dor é esta que me toma, me agride, me corrói.
Tira meu sossego, abala a minha paz, magoa, dói.
Eu sou lua sem sol, totalmente sem brilho.
Eu sou chão, um vão, completamente fora do trilho.
Sua falta, sem ar, sem som, sem mar, fora do tom.
Quer dor é esta que me domina, me atormenta, me alucina.
Falta-me a razão, fico sem sentido, sem direção, estou perdido.
Eu sou um aperto no peito, o frio nas mãos, não penso direito.
Sua falta é lembrança triste, meu coração tenta pulsar, mas não resiste.
Que dor é esta que queima, que arde, que teima, que invade.
Não tem cor, é silêncio e vácuo, é sol sem se por, é vazio e opaco.
Eu sou poço vazio, poesia sem sentimento, pássaro no frio, eu sou o tormento.
Sua falta é ausência constante, latejando, incomodando, machucando.
Esta dor me alucina, não tem cura, nem por morfina, é pura tortura.
Eu sou ferida aberta, coisa injusta, história incerta, escuridão que assusta.
Não me conformo, anseio, fim da tolerância, fico feio, tudo perde importância.
Sua falta é distância covarde, não justifica, me invade, não se explica.
Esta dor me faz chorar, gotas de suor, para piorar, tristeza ao meu redor.
Não agüento mais, desfaleço, não sou mais capaz, entristeço.
Eu sou presença vazia, carrego esse fardo, feiticeiro sem magia, doce amargo.
Sua falta é ponto final, rua sem saída, perda total, corpo sem vida.
Sinto sua falta e dói, preciso dizer, se não puder te encontrar prefiro morrer...