SÉTIMO ANDAR

Da minha janela vejo as ondas

Bordando a orla da praia,

Pássaros em vôo aleatório,

Crianças correndo pro mar.

Corpos, na areia estirados,

Sequiosos de calor e de prazer

Do sol sorridente no alto,

Lembram uma imensa morgue

Dormitório de todos os orgulhos.

Procuro um corpo especial,

Mas a janela tornou-se distante

E a vista cansada demais

Não pôde, a distância, identificá-lo.

Desço do sétimo andar:

Quem sabe eu ainda encontre

A sua pisada na areia!

Tarde! O mar enciumado,

Num ataque de fúria,

Ordenou à cúmplice água

Tirar da areia molhada

A marca dos seus pés,

E deixar muitas conchas e seixos,

Instrumentos torturantes

Dos pés enrijecidos de frio

De minh’alma esperançosa.

30/07/06.