Hoje

hoje ao sintir o vento tocar minha pele,

não vejo mais a pureza que fugia do teu olhar,

triste e sagrado,

doce,

hoje ao vagar pelas ruas escuras e sujas,

não sinto mais a segurança de estar preso a sua mão,

ao seu espirito,

seu ego,

hoje é como se não fizesse diferença,

anoitecer e amanhecer,

o crepusculo não te traz,

o sol não leva a escuridão,

hoje é apenas mais um dia,

hoje as horas se arrastam como se carregassem um peso,

como se carregasse a minha solidão,

hoje alimento-me do teu sorriso baixo, que consigo quando me obrigo a me aproximar,

quando obrigo-me a perder o sono mais uma vez,

só pra lembrar do passado,

e no outro dia fingir que esqueci,

pra sangrar no hoje,

pra viver no hoje,

e pra vagar em busca de um amanhã,

um amanhã sem soluços e sem choros,

um amanhã de sol, de espirito,

um amanhã de luz, e de vida.