MINHA RUA

A rua já foi florida.

Havia pássaros.

Crianças a brincar de corrida.

A rua um dia já teve paz.

As pessoas não tinham na rua

Atitudes de animais.

Na rua qualquer velho que estivesse

Na esquina era meu avó.

Na rua qualquer homem voltando

Do trabalho no fim de tarde era

Meu tio.

Lembro da minha rua infantil.

Com carinho.

Hoje a rua é um lugar redil.

Cavalos desenfreados.

Bêbados com idade madura,

Poderiam ser meu avô a urinar na rua.

O que a rua se tornou?

As calçadas ocupadas com bares.

Mulheres que antes seriam recatas

Que cuidariam de sua vida, trocando- se

Por nada.

Hoje, ando com mil olhos na rua.

Não sei o que pode reservar-me o

Caminho mais adiante.

Na rua não se pode sorrir, nem andar

Como dantes.

Hoje só restou à rua,

A violência.

A bebedice,

A velocidade, e coisas banais.

A rua hoje não é nada.

E não há mais nada da minha rua

Infantil.