Anjos Caídos

Anjos Caídos

Caminhando e vendo o dia partir,

Vivendo sem tempo, sentido ou direção.

Porque o amor que tinha, morreu como as flores desse jardim sem água.

Já não tenho mais palavras doces para escrever.

Jogo nesse papel, as dores do meu peito.

Porque sem mais ou menos, sem se despedir, uma alma se jogou ao vento.

Pura como o orvalho que mata a sede do beija-flor,

Deixando apenas, as lembranças, as cores e o sorriso tímido, meio de lado.

E meu coração está apagado,

Meu anjo de luz perdeu as asas.

E agora voa num céu onde não posso tocá-lo.

Sete palmos de distância,

Cravados na minha fronte,

Desdenhados como conseqüência da vida.

Mais um gole das impurezas desse mundo,

Vire-o no meu corpo, junto com minhas lágrimas.

E saboreie a solidão que invade o meu quarto agora...

E eu que conheço a imensidão do céu,

Pois voamos e voamos sem termos horas para voltarmos...

Agora,

Agora...

Perco as palavras,

Perco o meu instinto...

Perco-me nesse jardim das almas.

Vago-me diante a corpos de Anjos.

Sinto-me estranho

Ao ler meu nome na lápide, cercado por espinhos e uma vela pela metade.

Alguém esteve rezando por mim, alguém, me amou.

Mas deixo o meu olhar de curiosidade,

Lanço meus braços até a vela,

Não posso tocá-la!

E um sussurro me atende aos ouvidos,

Meu nome é desenhado nos lábios de outro Anjo.

Quando paro e percebo, tantos nomes conhecidos,

Tantas faces amigas.

E caio de joelhos nos espinhos de minha cova.

Sinto-os adentrarem o meu corpo.

Estou sangrando!

Mas não sei o que dói mais:

Se são os espinhos que rasgam a minha pele, ou os Anjos caídos ao meu redor.

Aquela vela, pela metade, a minha vida ainda não se apagou.

Por quê?

Meus amores estão lá!

Por quê?

Meu temores estão aqui!

Por quê?

Viver sem sentido... Por quê?

Agora já é tarde...

Alguém quer soprar a minha vela,

Mas nada terá fim,

Porque não é fácil assim,

Não é fácil assim...

Não é fácil assim perder amigos!

Não é fácil assim, perder AMORES!

Não é fácil assim, não para mim.

E em mil pedaços,

Dei tantas voltas nesse maldito jardim,

Esse jardim de Anjos caídos,

Esse jardim, onde o céu está sobre os meus pés.

As minhas preces parecem poesia sem cor,

Parece um mar sem água,

São salgadas como minhas lágrimas.

Onde tirar forças para continuar a 'jornada da vida'?

Se a luz dos meus olhos estão quase turvas,

Se me perco sempre nas desgraças dessas curvas... 'empecilhos da vida'.

Dá para fazer um quebra-cabeças com o meu coração.

Outro Anjo rascunha o meu nome em teus lábios,

Diferente de antes, não o conheço.

Mas sua áurea não me é estranha.

Meu corpo gela,

Minhas asas desabrocham.

O sangue para.

Os espinhos caem.

Será Deus?

Ou será somente a minha prepotente imaginação?

Estou diante de mim!

Dois corpos no mesmo espaço!

Minha cova estava vazia.

Eu vim me visitar!

Eu vim rezar por mim!

Não sei isso e triste ou motivador.

Mas parece que essa é a minha chance de viver,

Viver sem temer, sem me temer.

Pois mesmo sozinho, eu tenho a mim.

E eu que não sabia na verdade quem era,

Sinto que sou um tanto bem maior!

Palavra vindas de músicas de um palhaço, pena.

Bato minhas asas!

Levanto vôo para uma vida sem máscaras!

Pois um dia, encontrarei o meu próprio jardim.

Henrique Martins

Davidson Martins
Enviado por Davidson Martins em 10/01/2010
Código do texto: T2021691
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