O que me resta?

Nesses meus vinte e poucos anos

Senti o pesar das eras

Com seus rudes espinhos

E torturantes corruptelas!

Vivi o sentir da beleza da primavera

Com suas doces paixões ditas sem fim

Num cálice de mel com licor de amora

Que minhas amadas entregaram para mim!

Nessa vivência de experiências

Fui puta, puro, anjo e demônio

Seduzi gays, fui disputado por lésbicas,

Fui o sacro padre e o desdenhoso profano,

Chorei, vi, gritei, amei, pragas roguei...

Agora vejo-me aqui, encarcerado

Numa cela de carne e ossos

Com cada músculo acorrentado

No auge dos meus vinte e poucos anos

Pergunto-me "o que me resta?"

Talvez escrever algo, enfim

Cansei desse poema...