O Vôo da despedida

Um pássaro voou da minha vida.

É. Voou.

Se foi.

Partiu.

Confesso que sofri

Chorei.

Lamentei.

Apelei.

Durante algum tempo tentei traze-lo de volta

Armei arapucas, gaiolas e armadilhas, mas ele não voltou.

Neste período em que a sensação de perda dominou meu frio coração, não tive tempo em reparar o que hoje vi:

Como é lindo o bater de asas de um pássaro.

Livre e belo.

Livre e cheio de vida.

Livre das amarras do sentimento

Livre da ambição que seduz para consumo individual

Livre da dependência pequena que faz da vida música, mas de uma nota só.

Hoje é que reparei que o amor não prende

Não escraviza

Não intimida

E mesmo que seja uma gaiola de ouro, ainda assim é uma gaiola.

Hoje vi como a beleza de um pássaro não pode ser presa a individualidade de nenhum ser.

Hoje também vi como sou pobre de espírito ao chamar, e afirmar que é meu.

Meu! Meu?

Voa pássaro. Anuncia a liberdade.

Cante e encante já que o céu é o seu limite

Continue a ensinar a vida e perdoe a pequenez deste ser desprezível (eu) que não sabe amar. Nem conviver.