Fazenda Sonho
= Fazenda Sonho =
Minha “fazenda do sossego”
Tem um rego d’água
Que cai em bica.
Uma cachoeira onde brinco
De sonhar,
amar
e ser feliz.
.
Tem matas, capoeiras, árvores tão grandes
Que até o homem duvida.
É lá onde cantam inhambus e juritis
Tem campos verdejantes
Onde as emas e seriemas correm felizes.
Tem noites tão lindas, que a lua
E as estrelas
Por sobre as árvores repousam.
Tem cantorias, tem violas,
Tem trovas e causos,
Tem até poesias.
Quando amanhece o dia, é de ensurdecer
a cantoria da passarada.
Berra o boi e anuncia,
Que o gado está chegando da invernada.
O galo canta alto
Acordando o menino,
e ele busca os ovos da galinha
gritadeira
que o ninho fez
Atrás do forno de cupim
O carro de boi vem chegando
cantando versos estridentes.
No comando, o carreiro
Grita: reiiiia, reiiiia.
No carro, três juntas,
Sei bois,
Canário e curió
Queimado e moreno,
Campeiro e corisco.
Feliz e orgulhoso, o carreiro Carlinhos
Seu carro de cana descarrega.
Eiiiira boi! _ele diz bem baixinho.
Galinhas, patos e gansos
No terreiro a ciscar.
Canções desencontradas
o seu trato vem buscar.
As vaquinhas no curral
Junto às suas crias,
Seu leite pelo Bastião é tirado
Balde em espuma de leite
Faz bigodes na criançada.
Casa antiguíssima com trinta janelas...
Com varanda,
Assoalho de tabuas rústicas,
Portas enormes,
Fogão grande a lenha...
Café no bule a fumegar.
A velha avó com saia comprida, cinza, rodada.
Blusa preta no peito arrendada.
Abençoa a todos na chegada.
Tem broa de fubá,
Biscoitos de polvilho,
de amendoim, quebra-quebra...
Todos vão pra mesa grande,
Saciar-se com o desjejum.
Sabe minha gente
Onde fica este paraíso?
Fica no tempo passado
Muito bem guardado
Nas lembranças e no meu coração.
Tonho Tavares