Desabafo

Você emergiu das sombras do meu desespero,

Quando tudo se fazia confuso.

Você veio e foi luz,

Manhã que feneceu a dor.

Você veio nas exatidões matemáticas,

Fugindo as regras falhas.

Você veio firmando as pilastras,

Quase diluídas pelas incúrias,

Varridas pelos vendavais do desamor.

Assim você anoiteceu de branco,

Contraste com o véu da noite.

Depois foram poemas, vocábulos soltos,

Veio o amor, as decisões.

Somente a vida estática, perplexa,

Não deixou de vegetar,

Semeando dúvidas silenciosas,

Insegurança e medo por tanta podridão.

Mas você veio, emergiu da distância,

Do desconhecido, veio sóbria e menina.

E o tempo passou entre manhãs,

Tardes e noites, onde fiel ao legado,

Trazendo um fardo pesado de infidelidade,

A sua vinda tão breve,

A um longo tempo infrutífero.

Você veio, foi manhã, tarde, noite,

Foram invernos, verões.

Você emergiu e se tornou firme,

Marcada por um sublime calendário de paixões.