Do outro lado da meia noite

Nos embalos da noite,

Pela sonolência do dia parado,

Quase lúgubre,

Lamentei sua ausência,

Presa ao fastio descabido da existência.

Quis contemplar seu sono,

Mas tranquei-me nas paredes velhas,

Na sonolência do dia,

Enquanto a noite embalava amantes,

Ligados pelos suspiros e desejos.

Seus feitiços espalhados pelo chão,

O bem pouco cobriu seu corpo,

Agora possuída, quase sonolenta,

Embala o amanhecer, também parado.

Tudo se fixa no dia,

Ontem foi ontem, foi noite embalada...

Milagre que nunca será repetido;

Mais uma página escrita

Em um folheto tantas vezes relido...

Como minha própria vida,

Um berço de saudades, de mágoas,

Em uma ilusão contraída.