Casas abertas

Num sonho de verão

A cada estação

As casas abertas

são revelação

As casas abertas

Recebem amores

Recebem as cores

Das noites entregues

As casas abertas

Revelam domicílios

E as botoeiras

Para conviver e morar

As casas abertas

Escancaradas

Assoalham segredos

Dos barulhos no chão

E as habitações

Descobrem as janelas

Que já foram vencidas pelos vendavais

A inspiração vem do Mercado Municipal

Ou talvez do largo das igrejas

Do urbe novo ou de um casarão

Do centro histórico, onde as lembranças

ficavam fáceis à mão.

E essa história deu origem às cidades

Casas abertas e casarões

Casas pequeninas

Tênues e inaudíveis

da ruazinha do interior

Em círculo aos sobrados e janelões

Juntas na escuridão

As casas abertas convidam a entrar

Lá está o recato do lar

O recanto das letras

Em que pode se descobrir.

Como ingressar

Se somos leves como a borboleta azul

Uma ave verde de plumagem amarela

Nas casas abertas estão as salas de estar

O piano velho, ou a cortina de renda

Os cristais e quadros de paisagens

Os santos e seus altares

Os castiçais e as velas esquisitas

Os móveis e as cadeiras de balanço

O encanto e o desencanto

Os quartos e a cozinha com quitutes

O quintal e seus pomares com grandes

árvores, onde cantam sabiás

Para gentes do interior

E da cidade grande...

Quantas casas abertas

Abertas ao coração feliz

Abertas à tristeza ansiosa

E nas manhãs primaveris

As casas abertas

estão à frente

Podem ser ilusórias

Aparentes e fantásticas

Geram entusiasmo criador

De poesia e prosa...

Belo Horizonte, MG, 04 de dezembro de 2009

Homenagem ao meu esposo... e seu aniversário...

Silvania Mendonça
Enviado por Silvania Mendonça em 04/12/2009
Código do texto: T1960272
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