Palavras cortadas
Eu não te ouço!
Minha voz é navalha afiada,
laranja passada, quase podre
e que rapidamente chega a ti.
A voz é viva e o olho vê.
Falo-te surdo e embriagado
como um triste palhaço que não sabe mais rir.
Tua mudez foi violentada,
pariu molduras indecifráveis
e um frio sem fim.
Se há em teu amor um ar de castigo,
fugiste de ti e te puseste em desabrigo,
para não mais me ter e nunca mais me ouvir...