Poema Pensão da Dona Nena na Rua Prates, Bom Retiro

Pensão da Dona Nena na Rua Prates

Fui morar numa pensão da Rua Torres Tibagi

No bairro do Tucuruvi, começo dos anos setenta em São Paulo

Em que a dona do lugarejo era uma biscate buliçosa e démodé

Que se achava mal oxigenada a rainha da cocada preta

Ali passei fome enquanto a vaca velha jogava maionese no lixo de um natal qualquer com fome

Enquanto tocado no meu intimo e vários dias sem comer eu lia Mahatma Gandhi.

Quando dei uma melhoradinha na vida em São Paulo

(Sem dinheiro na metrópole entrevada pelo militarismo câncer)

Ajudado pelo amiguermão Getulio Ferreira da Silva

Fui morar na pensão familiar da Dona Nena na Rua Prates

E ali foi o melhor recanto que tive fora do lar e longe de casa

Éramos uma família, todos aqueles caipiras apensionados felizes

E eu caía de paixão pela morena Cidinha filha da prestimosa Dona Nena.

Morei em outros lugares, canfudós, cheguei a dormir na rua

Morei em becos, cortiços, de favor, em outros cantos e repúblicas

Mas jamais esquecerei a Pensão de Dona Nena na Rua Prates em frente a uma empresa de Café

Ali dei meus primeiros passos para ser um vencedor na vida

Voltei a estudar, trabalhei em imobiliária e empresa de cobranças

Até me formar e ser o que sou agora, um vencedor com mãos de tesouras.

Rosangela é meu Lar.

Rosangela é o mais perto do céu que eu posso chegar.

Tenho meu cantinho, meu refúgio, e ao pensar na Pensão da Dona Nena na Rua Prates do Bom Retiro

É como seu eu saltasse piruetas dentro do meu coração alumbrado

E fizesse estripulias de doces memórias como se afinal descobrisse enternurado

De que há maravilhosos seres humanos na terra!.

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Silas Correa Leite

E-mail: poesilas@terra.com.br