Ausência

Sinto-me, sem sentir, toda em brasa

No rigoroso fogo que me alenta

O mal que me consome me sustenta

O bem que me entretém me dá cuidado;

Ando sem me mover, falo calada

o que mais perto vejo se me ausenta

E o que estou sem ver, mais me atormenta

Alegro-me de ver-me atormentada;

Choro no mesmo ponto em que me rio

No mor risco me anima a confiança

Do que menos se espera, estou mais certa;

Mas, se de confiada desconfio

É porque, entre os receios da mudança

Ando perdida em mim como em deserto!

Laura Carolina
Enviado por Laura Carolina em 15/11/2009
Reeditado em 15/11/2009
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