SANDÁLIAS DESATADAS
Lá vou eu...
De sandálias desatadas,
Vestimentas empoeiradas, conduzindo a vida
Numa manhã de domingo
Sob um sol escaldante
Perdido entre o chapéu de palha , a mala de trapos
E as pedras das praças.
Lá vou eu....
Um menino ... um senhor andarilho
Puxando pelos braços, o preso passado
Solto ao vento, brincando de ser livre
Escondendo nas velhas sandálias gastas
O medo da humanidade,
Que brincando com a verdade
Os anseios do verbo amar.
E lá vou eu...
Surrado no tempo
Envelhecido na imagem do reflexo da água,
No espelho imaginário... um sorriso falso
Que enamorando as rugas de minha face...
E lá vou eu, pedindo licença a natureza
Observando as mãos trêmulas dos anos
Que no instante acaricia–me a testa
Banhada pelo suor dos dias vividos
Dos amores perdidos
Dos amigos esquecidos, entes falecidos
Que a dor das perdas fazem de minha face rolar
A saudade que o velhos olhos não suportam mais.
E lá estou eu,
Num canto da casa, na escura parede
Meu riso, meu poder da juventude
O doce instante de ser amante
De uma vida que não volta mais.
E aqui estou eu...
De sandálias desatadas
Contracenando com o tempo
Desato minha vida,
Quando foi tudo buscando o nada
Onde eu precisava desatar era meu coração
Para perdoar e deixar ser amado.
Marília, 08.11.09 – 02hs47