Na penumbra

Se fez um vendaval

entre a chegada e o tempo,

o aperto, o acerto, a despedida.

No olhar, o sorriso cândido de menina,

na boca a palavra trôpega,

e por trás da cortina,

o vulto da mulher,

o silêncio,

nem uma palavra sequer.

Fez-se um sonho,

talvez um pouco de fantasia,

sem festa, sem folia

na inquietude de portas fechadas.

Ah, ilusões perdulárias,

nascidas, vindas,

infinitamente findas,

nas pautas tantas vezes lidas

rasgando a boca para o sorriso,

o eterno e falso relicário de alegria,

quando, quando tudo se cria,

fantasticamente na literatura

para os olhos úmidos enxergarem

na boca calada despindo o último verso,

no desespero que a tinta marcou

com a cicatriz já fervente no peito

por não ter sido, ao invés de vendaval,

no lirismo do primeiro

e nunca do último encontro.