A mulher na ponte
Ela o espera na ponte todas as manhãs
Força os olhos verdes na curva das árvores
Desejando que ele retorne com seu amor intacto
Suplicando aos céus que ele lembre o caminho de casa
Há muito tempo ele partiu tão magoado consigo mesmo
Deixou que a dor da tristeza fosse mais forte
O acidente de carro que lhe tirou uma perna
Destruiu sua alma e sua alegria de menino
Nenhuma carta foi postada desde então
Nenhum e-mail na internet
As poesias cessaram como a revoada de pássaros no verão
Agora só há outono e inverno no vale
Ela chora todas as noites sua solidão
A cama está tão fria e vazia
Jamais amou novamente
Na janela acende uma vela todas as noites
Esperando que a chama ilumine os rumos de seu amado
Ela acredita em seu retorno, ora todos os dias
Arruma a casa, coloca flores no jarro
Sempre dois pratos na mesa para um almoço
A música toca um refrão que diz: “tão longe, tão longe...”
Mas ela resiste, agarra-se às esperanças de seu coração
Mantém seus cabelos curtos como ele gostava
Usa os vestidos floridos que ele dizia deixá-la leve como uma borboleta
Seu retrato continua na parede abraçando-a, sorrindo com a barba por fazer
Na gaveta da cômoda o amarrado de poesias que ele lhe escrevia
Tantos planos feitos, filhos desejados, agora só a saudade
A ausência e a falta de notícias torturam seus sentimentos
Afasta de sua idéia a possibilidade da morte dele em algum lugar
Propostas de um novo casamento ela recusou
Os vizinhos a chamam de louca por esperar em vão
Mas ela jamais irá desanimar, pois o ama de verdade