FELIZ. SEM FELICIDADE!...
De todos os poemas que escrevi
Em muitos lamentei, pranteando minhas desventuras,
Mas em quase todos, com ênfase, retratei você!...
Destacando sua amabilidade, seu porte nobre e elegante,
Relembrando sempre, - O AMOR DE MINHA VIDA -.
Exaltei sua pureza e notabilidade em seu jeito de ser,
Enalteci com fulgor, o verde, no brilho de seu olhar,
Falei da sensibilidade, de seu corpo quente e perfumado,
Do gosto de mel em seus lábios, da ternura na hora de amar.
Contei de seu negro, longos e lindos cabelos cacheados,
Que ornamentavam com graça e permanente encanto
Um belo e esplendido rosto, que me fazia apaixonado.
Mas destaquei também, o que para mim foi surpresa,
E que fatalmente me marcou, condenando-me,
A uma destinação encoberta pelo manto da saudade,
Pois lágrimas fizeram-se presentes nos olhos meus
E foi incompreensível, eu não podia acreditar,
Que passaria a viver, sem os benignos dos carinhos seus!...
Escrevo, recordando sempre, que fostes em minha vida,
Uma benção de Deus, que enviada, tornou-me um felizardo,
Como se fosse uma santa, com seu tempo determinado!...
Hoje, tudo em mim estacionou e não sinto grande amargor,
Pois minhas angústias foram fartamente amenizadas
Pela presença magnífica e exótica de uma nova flor
E percorro enternecido o canteiro de um florido jardim
Onde colho pétalas aveludadas em um bailado alegre e feliz.
Mas ficou naquele cofre guardado, parte de minhas verdades,
Porque a realidade é persistente e incontestável
As lembranças têm luminosidade e subsistem,
E eu posso até brincar de ser feliz,
Mas não tenho comigo a real felicidade!...