A SAUDADE DO POETA
(Sócrates Di Lima)
Nas curvas das minhas intransigências,
Perdi-me das minhas vontades.,
Carreguei meu coração de imprudências,
E me deixei levar pelas minhas fragilidades.
Acreditei na minha imperícia,
Em lidar com o meu próprio eu.,
Parecia que existir malicia,
Na eternidade que o amor me prometeu.
Ah! Quanto morta foi a esperança,
Quando ao meu amor renunciei.,
Coloquei minhas idiotices na balança,
E da amarga decisão, quanta tristeza experimentei.
Mas o castigo não demorou em chegar,
O que se faz aqui, aqui mesmo há que se pagar.,
Os meus erros não há que se consertar,
O que foi, ´por castigo, não há como voltar.
É a Ponte Que Partiu,
De um lado a minha cruel imprudência,
Do outro, o que se viu,
Foi ferir um amor e sua inocência.
Inocência de um amor verdadeiro,
Real e de fidelidade permanente.,
Um amor criança num coração inteiro,
Que não se ateve em se doar integralmente.
E quem chora?
É a alma que mais amou,
Um amor que sem preces foi embora,
Quando o outro imbecilmente deixou.
Quem chora, é quem é mais sensível,
E por orgulho um poeta não deve chorar.,
Mas, quem ama até chorar é possível,
Quando seu barco, imprudentemente abandonar.
Onde está a verdade dos meus sentimentos nessa hora!,
Onde está a coragem do poeta em dizer o que se quer.,
Quem ama não pode deixar ir embora
O amor sincero e real de sua mulher.
Que morra o poeta pelo seu pecado,
Arrependimento não é o melhor caminho.,
Quem se deixa vencer pelo menor significado,
Não merece o perdão nem voltar ao ninho.
E o poeta amado perdeu o romantismo dos sonhos seus,
Se embrenhou no abismo da mais cruel perversidade.,
Ao deixar seu amor partir no eco do seu adeus,
E agora, entristecido, o poeta morre de saudade.
...E quando o dia amanheceu,
E o poeta abriu seus olhos lacrimejados.,
Alegrou-se quando o seu coração percebeu,
Que não foi sonho, mas pesadelos desafortunados.
E quando seus ouvidos sua amada ouviu,
Um lindo dia se abriu de felicidade.,
E o coração do poeta desassossegado sorriu,
Encheu sua alma de esperança e saudade.