Beira-mar

A linha do horizonte recortam-na penhascos.

Penedias e céus perfuram-nos silhuetas de pescadores de praia.

Dos pescadores crescem canas.

A paisagem é liquidamente estática.

O movimento das ondas cinzentas de cristas brancas é tão antigo que parou.

Quando apagas o cigarro na areia,

num gesto elegante e lânguido,

não pensas no movimento das marés.

A brisa do norte - que amanhã será vento e segunda-feira nortada - ondeia a madeixa ruiva do teu cabelo.

Um cavalheiro ligeiramente calvo e grisalho aproveita a fuga do seu cão enorme para apreciar os seios da loira nórdica, vermelhuscos.

A pequena restinga é admirável quando a maré está vasa, cultivada de imenso canavial humano.

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As mulheres, hoje, fumam constantemente...

Verão/94

ANTONIO JORGE
Enviado por ANTONIO JORGE em 27/10/2009
Código do texto: T1890318
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