Rua da minha cidade
A rua da minha cidade é uma aldeia.
Nas tardes de sol o trânsito some-se.
Moscas e moscardos zumbem de jeito sórdido.
Com origem difusa dimanam pios de melro, jovial cativo algures entre o 47 e o 59.
Vespas fazem voos rasantes às malgas de marmelada do 3.° esquerdo.
E a inexistência do polícia, na esquina, é tão aldeã!...
As amoreiras do campo da feira podem ser tudo.
E eu, que vejo esta quietude esbrasadora do meu gabinete de trabalho, posso ser o cão de guarda cuja casota dá para o eirado.
O CD do Alex, som no máximo em bass e Counting Crows, tem ecos de gado a que a ração fez sede.
Conversam senhoras na esplanada... mas podiam ser comadres no portão do casal.
Quando a rua da minha cidade é uma aldeia é que eu compreendo a pequenez estúpida do meu meio.
Verão/94