PELO AVESSO


Após ter sido agraciada pelo amor
e ter-me deitado em lençóis macios,
misturando meu corpo ao seu,
em noites tórridas de paixão
onde o desejo incendiava-nos
e só nos abandonava
quando exaustos de prazer e cansaço,
aninhávamos-nos em abraços,
que eram abrigos de sentimentos.

Após ter sorvido o mel dos seus beijos
que adoçavam meus lábios;
sentido a suavidade dos seus carinhos
e o sussurrar de sua voz
ardente em meus ouvidos,
falando palavras vindas do coração
e que alegravam minha alma;
depois de só conseguir sentir-me viva
quando ao seu lado
e não visualizar uma outra maneira de viver,
fico só...

Hoje, lembranças povoam meus pensamentos
e a indagações cansaram e se calaram...
As noites são vazias
e ainda relembro o fogo dos seus olhos
e a urgência de suas mãos,
loucas para percorrer minha pele nua.

Ainda sinto seu cheiro pelo ar...
Sinto saudades...
Tenho vontade de tocar-te levemente
e implorar que volte para mim...
Não há como fechar a ferida aberta
e esquecer as noites insones
sem saber de você.

A decisão de partir foi sua
e não há mais como restaurar
os laços desfeitos,
entrelaçados em desilusões e mágoas.
Nem como restaurar
os pedaços partidos na despedida...
Tudo na vida tem sua hora e seu preço,
Viro-me do avesso
e resisto!...



23/09/2005


Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 27/10/2009
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