TELEFONE MUDO
TELEFONE MUDO
Não, não estou surdo, tu não mais tocastes, te negas a me chamar
Fico à espera que me chames, todos os dias, mas continuas mudo
Pela manhã continuas no mesmo estado da noite anterior, inerte
Não és mais presente e agora, mais do que nunca, tendes a ficar
Continuarás sim, eu sei, com esta mordaça imposta, talvez pelo susto
Você,tanto quanto eu, mormente o hábito adotado, sucumbe e imerge
Acabou-se, ficou apenas a lembrança da voz que transmitias a mim
Nunca pensei e também não poderias pensar,chegassemos a triste fim
Mas, como tudo tem um começo, um meio e fim, com certeza, haverá
Existirá também, sem dúvidas, um recomeço aqui e em outro lugar
Lugar este que, não sendo entre nós aqui, existe aonde iremos um dia
Ninguém conseguiria determinar quando a dona daquela voz partiria
Tu principalmente, que muitas vezes fostes acusado de não querer ligar
De não querer falar, apesar da tua relutância, estás a descansar
Descanso este que nunca quisemos pelo simples fato da esperança
Você ter de quem transmitir a voz e eu a de ouvi-la com segurança
Acabou, chegou o fim, ficando a lembrança, a esperança e a sensação
Sensação de vazio, um espaço enorme em meu coração
BCFerr