S A U D A D E

Deitada na mesma rede ,

onde eu não tinha tempo de ficar,

Balanço agora bem devagar...

Como brilha esse verde,

E é azul esse céu...

Resplandece tudo ao brilho do sol!

Minha árvore,

toda em flores,

amarelas de saudade...

Aqui moram meus fantasmas...

Mundos que conheci

conversando com a lua,

que subia redonda e branca

entre aquelas duas montanhas...

De sonho? Não.

As montanhas eram de verdade...

Meus sonhos? Não.

Quanto conselho me deu essa planta,

minha querida dama da noite...

Segredos que eu contava baixinho,

e ela me abraçava... em perfume...

Juro que antes ela falava...

Agora o vento farfalha sozinho

nas folhas...

Antes balançava aquelas roupinhazinhas

no varal...

De vez em quando passa um pássaro gritando...

Onde será que vai com tanta pressa?

De longe o namoro dos grilos...

Sempre o amor...

De tudo que se move sobre a Terra.

Ao longe, sinos da igreja chamam os fiéis...

Em tantas línguas fala o Criador...

Está escrito, carimbado

em toda a Criação...

Sem idioma,

já tradução...

Alguns pássaros pequeninos,

que piam bonitinho,

conversam segredos de passarinhos...

Hoje não vi borboletas... Quando será que elas chegam?

As cigarras, tão amigas, cantam juntas... Vai fazer calor...

Fecho meus olhos e abro para ter certeza...

Não sei o que aconteceu...

É outro tempo... E esta sou eu?...

Ouço ecos de vozinhas de crianças que brincavam e riam...

Vozes das minhas crianças...

Eram minhas?

Agora já nem são delas... As crianças desapareceram...

E onde fica cada criança quando deixa de ser?

Lá no mesmo lugar onde elas brincavam,

Num país chamado memória,

o reino das coisas eternas...

Assisto sempre as mesmas cenas

quando meu pensamento vai lá.

No mesmo lugar!

Elas continuam acontecendo para sempre...

É lá que vive tudo que nunca passa,

nunca cresce, nunca se acaba...

Por um tempo nós já fomos um...

Um coro de mãe e suas lindas vozinhas pequenas

que gritavam juntas

“Bom dia sooooool!!!!”

Toda manhã o sol esperava,

e nem brilhava tão feliz

enquanto não abríamos a janela...

As coisas poderiam passar sem deixar ecos...

São eles que doem

Nos ouvidos...

Poema dedicado à minha filha, menina dos meus olhos!

(Em viagem de estudos)