Palavras De Meu Silêncio
Me refugio em minhas palavras,
Noções do silêncio que me angustia.
Dupla sensação de impotência;
Quanto mais sou, menos sou.
Se me dissessem pra ir, ficaria mais um pouco,
Hesitaria partir pra olhar melhor meu lugar de hoje,
Pra ouví-lo, aprender a desconstruir com ele.
Se me dissessem pra ficar, sairia,
Só pra sentir um pouco mais de saudade do lugar de onde saí,
Só assim aprenderia a construir com ela aquilo que nunca senti.
Jamais saberei se o que faço é certo,
Mas é certo que sei momentaneamente o que faço.
O que faço é faca de cozinha cega,
Que mesmo sem uso ou razão,
Persiste em fazer parte de uma decoração deveras antiga.
Antiquario: antes fosse eu do que outro quem parte,
E o outro que fica só quer ser um pouco do que não sou.
Eu que quase sei,
Quase percebo,
Quase sinto o cinto que aperta o estômago.
Decisões que me esperam, me sufocam e me libertam,
Angiomas de minha vida diária;
Me espreitam, me assuntam, precionam,
Por isso me refugio nas palavras de meu silêncio,
Pois nelas e por elas, não há dores ou odores,
Nelas, só solidão e liberdade momentânea.
C.J. Maciel