Saudades do Pererê

Quando a solidão, esta madrasta

Mais que cruel, pois abelha sem mel.

Minha alma emplastra, acorrenta – devasta.

Fujo sem mais demora, a saudade me arrasta

Prás matas do Gurupá.

Lá – só a caipora

E os deuses rupestres, desse mundo silvestre

Enchem-me de pavor! Brincando de assustar.

Aqui nestes páramos, de concreto moldado

Meu ser – menino assustado – se perde, incontinenti.

Não traduz sua língua... nem entende sua gente.

Debalde pergunta, olhando pro teto; inquieto. – O que há de errado?

Minha mente caminhou ligeira para me levar de volta ao tapete de folhas da fazenda de minha mãe, conversar com os espíritos da mata e comer fruta no pé, afastando o medo e a incompreensão das atitudes dessa gente carrancuda, que não sei bem o que procura neste mundo todo virado de cabeça prá baixo.

Vale do Paraíba, Novembro de 2008

João Bosco

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 12/10/2009
Reeditado em 09/06/2010
Código do texto: T1861195
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