Explosão de fêmea

Quero explodir em gargalhadas pelos bares da cidade

Num porre total sem precedentes

Arrebentar os elos da corrente da hipocrisia

Excomungar as leis e os azares

Quero esmurrar a mesa cheirando a cachaça

E inverter os meus dias embocados de amarguras

Quero vestir de vez o meu próprio luto

Rasgar as poesias que ficou sem editar

Gritar bem alto que estou muita puta

E ouvir meu próprio ego do grito

A indagação do meu eu do ser-ou-não-ser

Quero engolir as palavras que me atacam

E trucidar pessoas que me enervam

Assustar as nuvens que me entrevam

Esquecer os covardes que me empacam

Comer homens por quem sinta tesão

Amar sem deixar vestígios

Dizer que o beijo é a conseqüência do adeus

Como a comida num prato vazio

Quero votar em mim pra ser a rainha da poesia

Lavar a alma com cachaça e água benta

E esmiuçar a hipocrisia da sociedade

Quero, enfim, ser pra sempre a puta

Que meu lado lúcido não agüenta

E o lado poético e louco vê com amor e respeito.

BARBARA ALMA CIGANA
Enviado por BARBARA ALMA CIGANA em 06/10/2009
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