UM DIA, QUANDO EU MORRER
Um dia, quando eu morrer
vou ter saudades daqui
Saudade da feijoada
Do quiabo, do pequi
Das praias do Ceará
Do sertão do Cariri.
Um dia quando eu morrer
terei viva na lembrança
a imagem do ocaso
as cores da esperança
estampadas no arco-íris
no sorriso da criança
Um dia quando eu morrer
terei sempre na memória
as coisas deste Brasil
sua mal escrita História
as notícias do jornal
do futebol a vitória
Um dia quando eu morrer
lembrar-me-ei da escola
das várias onde estudei
dos goles de coca-cola
que tomei com os colegas
das brincadeiras de bola
Um dia quando eu morrer
eu levarei o apego
das aulas da faculdade
onde aprendi o grego
com suas declinações
que não são pra qualquer leigo
Um dia quando eu morrer
terei uma acompanhante
a saudade dos humanos
como lembrança constante
não esquecerei a Terra
e seu clima escaldante
Um dia quando eu morrer
terei saudade do globo
que está sendo destruído
pelo homem, pelo roubo
o homem pros outros homens
já se transformou num lobo.