UM DIA, QUANDO EU MORRER

Um dia, quando eu morrer

vou ter saudades daqui

Saudade da feijoada

Do quiabo, do pequi

Das praias do Ceará

Do sertão do Cariri.

Um dia quando eu morrer

terei viva na lembrança

a imagem do ocaso

as cores da esperança

estampadas no arco-íris

no sorriso da criança

Um dia quando eu morrer

terei sempre na memória

as coisas deste Brasil

sua mal escrita História

as notícias do jornal

do futebol a vitória

Um dia quando eu morrer

lembrar-me-ei da escola

das várias onde estudei

dos goles de coca-cola

que tomei com os colegas

das brincadeiras de bola

Um dia quando eu morrer

eu levarei o apego

das aulas da faculdade

onde aprendi o grego

com suas declinações

que não são pra qualquer leigo

Um dia quando eu morrer

terei uma acompanhante

a saudade dos humanos

como lembrança constante

não esquecerei a Terra

e seu clima escaldante

Um dia quando eu morrer

terei saudade do globo

que está sendo destruído

pelo homem, pelo roubo

o homem pros outros homens

já se transformou num lobo.

António Fernando
Enviado por António Fernando em 02/10/2009
Reeditado em 14/10/2009
Código do texto: T1844896
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