ENDEIXA - (IN MEMORIAN)
Na lage dos amores puros,
Teu corpo lindo, estendido
Como um anjo adormecido,
Bateste asas pro céu.
Voaste pra bem distante,
Foi-se então a esperança,
Pois nem o vento de alcança
Pra levaste um beijo meu.
Fora ludíbrio do destino
Deixaste esta triste cena.
Morte, tu não tiveste pena
Do meu sedento coração,
Nele exposta uma ferida,
Com fél corrente e sem remédio,
Que vida – Hó meu Deus! - Que tédio
A realidade em vão.
Eu não te prometi o mundo
E tu ganhaste o paraíso,
Mas sabes o quanto preciso
Que tu voltes pra mim,
Pois minha alma atormentada
E meu espírito sem luz,
Que mal anda, mal se conduz,
Só tem forças para o fim.
Se quando não penso em ti
É quando estou adormecido,
Mas tua lembrança impelida
Vem logo ao amanhecer
Encher meus olhos de memória
E ao despertar da aurora,
Meu peito de novo chora
De saudades de ti.
Seria fútil biscar a paz
Mesmo preso ao sofrimento;
Te esquecer um só momento
E tentar lembrar de mim,
Sem olhar a minha volta
E lembrar tua partida,
A visão trêmula e sentida
De um leito feito para o fim.
Não esqueço o último riso
Que deste pra vida contente
Um sorriso puro e inocente
A irradiar os olhos meus
E quando entregue ao martírio
A vi desaparecer
Mas tu inda pudeste me dizer
Que amaria junto a Deus.
Reduzir-me a puro pranto
Por te amar e te perder,
Por continuar a viver
Sem ter forças pra seguir,
Mas, com tudo, ainda sei
Que tu existes no infinito
E torno assim prometido
Jamis esquecer de ti
Nossos momentos de alegria
Não se dissolvem na memória!
Tudo de nossa história
Eu guardo em mim pra te entregar,
Pois nossas almas sobrevivem,
Mesmo a tua na vida eterna
E a minha aqui na terra
Um dia vão se encontrar.