Retrato
Tenho somente um retrato guardado...
Já é longínqua a época que não lhe vejo,
Confio minhas forças num querer sobejo
Em ter-te a frente rosto tão rebuscado...
Fugir deste vago mundo de promessas,
Sonhos e esperanças na estranha limpidez
Da faustosa foto cheia de insipidez
Somente fenece no baú das tristezas!...
Aquele plácido sorrir cheio de vida
Que antigamente ornou minha existência...
Precioso fragor repleto de veemência
Findou-se na última lagrima vertida
Sobre teu retrato que existe apenas
Bailando nas velhas estações passadas...
Infinitas branduras das alvoradas
Nascem doridas e terminam serenas...
Sei que te amar sempre fora meu destino
Mas vós tendes igualmente teu livre arbítrio...
Faz-me mergulhar num imenso precipício,
De amor em amor tornar-me peregrino...
Carlos Barbosa, 19 de Setembro de 2009