Tardes de Dezembro
Um vento leve
circunda a praça
não respeita
os sinais de trânsito.
A tarde se esvai
gota a gota
as horas tardam
amanhã nunca chegará.
Existem presságios
de mudanças
as sombras azuis
se esticam
os longos dedos
em riste.
O vento leva
e traz rumores
distantes
ecos de panelas
contra pias
e tilintar
de copos.
Algures
a água fria
desliza sobre
algum corpo.
O sol castiga
as pedras
traça mosaicos
nos ladrilhos
e faz zumbir
as abelhas
entre as sebes
floridas.
E então
alguém
assoma à janela
e abre um sorriso
para o verão.
(26-06-85)