Vozes, José e Ida

Quebrando os caetés na beira do barranco

O vento me traz o perfume dos jasmins

Eu ajoelhado lamento,

O triste fim

Das vozes que ainda audíveis hoje chegam até mim

Abandonadas ao relento

As brincadeiras de criança

Cobriram-se do sereno da madrugada e pelo amanhã

Desapareceram

Com as geadas que queimaram o capim

Contra um fundo negro de arvoredos fantasmagóricos

Uma casa com telhado alto, tábuas largas

Janelas pequenas e uma grande varanda

Sua cor se assemelhava a luz do luar

Volto-me para a porteira aberta

Por ali fugiram todas as lembranças

Resgatá-las foi um suplício

Açoitadas,

Chicoteadas pela saudade

Assim é a vida de quem conheceu a felicidade

Arrancada, ela foi como uma lasca da carne

Cicatrizou,

Cauterizou-se pelo tempo

Em noites de breu

Ainda recolho-me àquele sótão

E no colchão de palha de milho

Ilumino o meu mundo de sonhos

Desenhando contra a parede

Bichos pernetas, capetas

Anjos ...

E ...

Encontro um Deus Maior

Em meu sono esperando por mim

...Vocês se foram com os crepúsculos das tardes de verão

Mas, José e Ida ... o Amor é como um benção.

Quem as recebe sempre volta pelo coração.

* Homenagem aos meus avós, por parte de minha mãe Elizabeth.

Robertson
Enviado por Robertson em 22/09/2009
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