Vozes, José e Ida
Quebrando os caetés na beira do barranco
O vento me traz o perfume dos jasmins
Eu ajoelhado lamento,
O triste fim
Das vozes que ainda audíveis hoje chegam até mim
Abandonadas ao relento
As brincadeiras de criança
Cobriram-se do sereno da madrugada e pelo amanhã
Desapareceram
Com as geadas que queimaram o capim
Contra um fundo negro de arvoredos fantasmagóricos
Uma casa com telhado alto, tábuas largas
Janelas pequenas e uma grande varanda
Sua cor se assemelhava a luz do luar
Volto-me para a porteira aberta
Por ali fugiram todas as lembranças
Resgatá-las foi um suplício
Açoitadas,
Chicoteadas pela saudade
Assim é a vida de quem conheceu a felicidade
Arrancada, ela foi como uma lasca da carne
Cicatrizou,
Cauterizou-se pelo tempo
Em noites de breu
Ainda recolho-me àquele sótão
E no colchão de palha de milho
Ilumino o meu mundo de sonhos
Desenhando contra a parede
Bichos pernetas, capetas
Anjos ...
E ...
Encontro um Deus Maior
Em meu sono esperando por mim
...Vocês se foram com os crepúsculos das tardes de verão
Mas, José e Ida ... o Amor é como um benção.
Quem as recebe sempre volta pelo coração.
* Homenagem aos meus avós, por parte de minha mãe Elizabeth.