GAROA
Névoa caindo tão calma, lágrimas de dor.
Início de inverno anunciando nova estação,
tão gelado com o corpo tiritando de frio,
gostoso no calor do fogão de lenha aceso,
familia reunida tomando café quentinho,
pipóca rebentando enchendo a panela,
e crianças devorando com voraz apetite.
Aos poucos engrossando caindo do céu,
formava cortinas encobrindo horizontes,
onde não se via até o quarteirão adiante,
tão volumosas eram as lágrimas derramadas,
que caiam tão calmas em sinal de protesto,
pela agressão do homem derrubando suas matas,
habitat natural onde dormia sonolenta.
No inverno no entanto despertava de seu sono,
e vinha em abundância mostrar quanto é bela,
névoa tão branquinha qual pureza de criança,
e que se dissipava quando o sól aparecia,
deixando no entanto nas suas despedidas,
algumas gotas para mostrar seus desencantos,
pois suas matas estão sendo agredidas.
Não vem mais mostrar suas lindas formosuras,
mesmo que para isso o frio seja congelante,
mas o cenário que apresenta suas vaidades,
é incomparável não existindo beleza tão sublime,
cortinas tão alvinhas de brancura inexistente,
que extasiavam quem à via cair tão calma,
se diluindo aos poucos anunciando novo dia.
Garoa fininha tão leve como uma pluma,
gotículas de orvalho que se formam condensando,
e que o vento frio foi buscar lá na floresta,
para mostrar ao homem toda sua insensatez,
quando tomba uma árvore que abriga passarinhos,
e depois queima seu cerne ignorando suas dores,
mesmo que ela só tenha lhe trazido benefícios.
Hoje a garoa só chora nos grotões tão escondidos,
suas lágrimas cessaram pela ausência de florestas,
e se resquícios ainda restam em alguns cantos,
são tão pequenos para sair em alvoradas,
pois o inverno que tinha estação tão preservada,
quase não existe pelas mudanças perigosas,
e tragédias acontecem diante das interferências.
19-09-2009