Reencontro
Corro a noite para te encontrar
Uma urgência me atropela
Aquela que só
Os amantes sentem
No peito latejante e pendente
Guardo a dor em bala
Relicário tão mortal
Quanto a vida que
Há tanto gozamos juntos
Corro à noite para te encontrar
Rompendo as amarras
De tempo e distância
Corro em vão — Já se faz tarde
A tua partida adiantada
Ao nosso último reencontro
Já não és o mesmo: Frio
E desencontrado de vida
Te vejo, te beijo e sinto
O pesar de tudo o que perdi
Lágrimas teimam em cair
Um rio corre em meu colo farto
De uma saudade — Eterna ferida
Se ao menos sangrasse
A foz teria — Vida
Rio que nos une e aparta
Por maior que seja o desejo
Meu toque já não te alcança
Meu calor já não te aquece
Meus gritos sequer te acordam
Mas, meu amor, nunca te esquece
Mesmo envolto em negro manto
Mesmo em vulto e sepulcro o pranto
Guardai contigo — O que era vivo
Em mim te acompanha
Nesta solidão tamanha
O pouco que ainda me impele
É a certeza de que morro dia-a-dia
Para, quiçá, partir em breve
E te reencontrar — Como eu queria!
*Este poema participa do romance ainda em andamento:
“Layla & Tommy”