ÉS “INSEGURÁVEL”

CONTEMPLEI, CONTEMPLEI-A, COMO SE CONTEMPLASSE UMA GOTA DE ORVALHO, REPOUSANDO SOBRE A FOLHA VERDE DO JARDIM.

TOQUEI, TOQUEI-A, CARINHOSAMENTE, SEMELHANTE A UMA MÃE QUE TOCA SEU BEBÊ RECÉM NASCIDO APÓS RETORNAR DO BERÇÁRIO.

BEIJEI, BEIJEI-A. MINHA BOCA TOCOU SEUS LÁBIOS DELICADAMENTE, COMO UMA CRIANÇA QUE SE DELÍCIA AO COMER ALGODÃO DOCE.

DEPOIS DE CONTEMPLÁ-LA!

DEPOIS DE TOCÁ-LA!

DEPOIS DE BEIJÁ-LA!

PUS ME TENTAR SEGURÁ-LA, INÚTIL, SENTIR-A ESCORREGAR POR ENTRE OS DEDOS, COMO A AREIA QUE PERPASSA O ESTREITO ORIFÍCIO DA AMPULHETA.

DESCOBRI QUE POSSO CONTEMPLÁ-LA.

DESCOBRI QUE POSSO TOCÁ-LA.

DESCOBRI QUE POSSO BEIJÁ-LA.

PORÉM JAMAIS SEGURÁ-LA, POIS ÉS

“INSEGURÁVEL” COMO O TEMPO...

ASSIM RESIGNADO

CONTENTO-ME, CONTEMPLÁ-LA,

CONTENTO-ME TOCÁ-LA,

CONTENTO-ME BEIJÁ-LA...

MESMO QUE JAMAIS PODEREI SEGURÁ-LA.

Edergênio Vieira
Enviado por Edergênio Vieira em 14/09/2009
Reeditado em 15/09/2009
Código do texto: T1809885